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Escrita Criativa / Guerra, 3º Episódio

A Missão

Os links para o primeiro e segundo episódio estão disponíveis para o caso de não os terem lido ou de os quererem reler:


– Vejo que está recomposto, rapaz. Sou o Major responsável pela segurança do Perímetro-3 , que inclui Vila-Real.  O Major era um homem de ombros largos, alto, sizudo e barba bem aparada. A sua presença impunha respeito, assim como a sua voz grave e profunda.

– Sei que está aqui para me fazer perguntas, mas não tenha grandes expectativas, não tenho muito mais a dizer além de que as Bestas desenvolveram novos métodos de ataque. Eles agora têm Escavadores. Estas Bestas permitem avançar sobre campos minados sem serem afectados pelos dispositivos, conseguem assim chegar ao limite dos Fortes sem perdas e quase de surpresa. A única forma de detecção é sismológica. – Vicente tentava sumariar toda a informação de que se lembrava.

– Major, devo-lhe também dizer que vim a mando de Ricardo e do Capitão, que preferiram opor-se às forças das Bestas, ao invés de vir cá.- Mentiu. Espera por mim, Ricardo. Sei que vocês conseguiram aguentar o Forte.

 Muito bem, era mais do que pedia, não tenho mais perguntas a fazer. Vou organizar uma força de buscas e você irá com eles. Conhece o terreno melhor do que qualquer um de nós; vai-nos ser útil. A força será composta por trinta dos melhores soldados que ainda nos resta na base; levarão sistema de apoio AI e os Asas apoiar-vos-ão assim que accionarem emergência; ficará em segurança, não se preocupe.

Serei um líder no terreno, apesar de não o ser na hierarquia. – Sim, Senhor! Major, posso-lhe só pedir para mandar entrar a enfermeira? As dores estão a dilacerar-me. – Mentiu novamente; queria apenas ver a enfermeira, sabia que não iria ver nada assim tão cedo.

Ao todo, organizar e fazer a viagem demorou dois dias. Não havia vias rápidas que ligassem as duas grandes Cidades ao resto do país, tinha sido tudo destruído ou estava impraticável de se usar. Os terrenos estavam acidentados, torcidos e destruídos, havia montes inteiros esburacados pelas bombas usadas desde o primeiro ataque feito por Bestas, há 120 anos. Apenas alguns sistemas de túneis estavam intactos, e estes foram transformados em meios de resposta rápida com cápsulas.

Pensou para si mesmo o tempo que a viagem em sentido contrário tinha demorado: cinco minutos... não admira que tenha desmaiado. Ainda sinto o corpo espalmado do trauma.

Não podiam viajar por meio aéreo, era demasiado perigoso. Apesar de levarem consigo uma considerável força de guerra, sabiam que um ataque aéreo de uma Colmeia os reduziria a nada em pouco tempo. Tinham de ir pelo terreno e interceptar qualquer Besta que os pudesse denunciar.

O Major era actualizado em tempo real, ouvindo e vendo o que eles presenciavam.

 Major, pelo mapa, devemos estar a chegar ao Forte em pouco tempo. Todas as linhas foram quebradas,  se bem que grande parte das minas terrestres parecem ter sido acionadas. Se morreram, levaram consigo uns quantos deles. Não há corpos visíveis, mas há sangue ressequido por todo o lado. – O sargento era experiente nestas missões e era quem tinha poder de comunicação com o Major.

 Tenham cuidado, assumam uma linha mais defensiva. Estamos muito próximos e a batalha só ocorreu há trinta horas. Eles podem ter Sensores por aí. Liguem o sistema de detecção biológica e matem à primeira vista. Eles não terão piedade! – Por mais vezes que tivesse habituado a missões de resgate e  recuperação de fortes, o Major não podia deixar de ficar nervoso. Eram os seus rapazes que lá estavam e já havia assistido à morte de muitos soldados noutras missões do mesmo género.

– Estamos agora a entrar no Forte. O portão principal foi destruído, há ácido que ainda está a corroer grande parte do metal. O detector biológico está a dar leituras de DNA dos nossos soldados, não me parece que tenham sobrevivido. Ainda não vejo corpos. Vamos entrar.

Ao entrar pelo portão principal, tinham acesso ao hangar de recepção, uma estrutura metálica onde estavam localizados os sistemas móveis, veículos e armamento.

Ali metido com os restantes soldados, Vicente não sabia bem o que fazer. Sabia usar armas, mas sabia que pouco lhe valiam se fossem abalroados pelas Bestas. Apenas podia esperar que já tivessem abandonado o edifício. Olhava para o edifício e sentia o cheiro e sabor da destruição. O cheiro... é nauseabundo; nem consigo ver a cor fria das paredes metálicas, está tudo manchado de sangue ou queimado.

Um súbito movimento alertou o sistema de detecção biológico; ainda os soldados não tinham conseguido pestanejar e  a interface de inteligência artificial activou os sistema automáticos de defesa: monstros metálicos com forma humanóide rebentaram imediatamente  com o intruso. O som da morte ecoou pelo edifício, que começou a ranger.

As mensagens começaram a perder qualidade de sinal.

– M... Shh... Ma... Shh... Major, há interferência... Shhh... Sensores... Shh... eles estão a ...Shh... bloquear o sinal...Shh.. Bestas aqui dentro...

– Se ainda não vos atacaram, é provável que não sejam muitos, eliminem-nos o mais depressa possível e tratem de repor as defesas. É provável que o grupo tenha voltado à Colmeia; eles vão atacar a vossa posição assim que o Sensor vos denunciar. Mexam-se!- Replicou o Major.

– Shh... Shh... Sim, Se... Shh... Sen... Shh... Senhor!

As comunicações foram cortadas.

–  Acho que os enviei para a morte. – Ninguém o ouviu.”


1 comentário:

  1. Boas :)
    Agradeço o simpático comentário no meu blogue e peço desculpa por não me dar ao trabalho de ler os seus textos, mas tenho pouco tempo, infelizmente. Um dia destes, volto com mais vagar - como se usava dizer.
    Mas li o seu perfil na diagonal e gostei muito.
    Até breve!

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