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Escrita Criativa / Guerra

Um novo amanhã

"O som de metrelhadoras enchia o ar; as suas balas cravavam-se nos corpos de vítimas que as aceitavam sem hesitação, tentando dar espaço para que mais um dos horrores ganhasse terreno na conquista do Forte. Seres horríveis, mas com uma concepção perfeita, feitos para destruir, definhar e matar tudo o que seja inimigo. No Forte, forças humanas lutavam por conseguir parar o ritmo de avanço dos monstros em campo e lutavam contra eles próprios; a luta dava-se em duas fronteiras. No campo psicológico, os mais fracos quebravam sobre si mesmo, sem nunca serem tocados ou mortos, tornando-se inúteis; mas não é coisa fácil, vislumbrar campos inteiros de corpos extraterrestres, cujo fluído vital, com a mesma cor que o sangue, repugnava o médico legista mais experiente. O mais fácil era lutar, armados com a última tecnologia de guerra disponível; armas que projectavam centenas de munições por segundo, cada uma capaz de dilacerar um animal de grande porte, encarregando-se de explodir seguidamente, deixando crateras do tamanho de coelhos.

As conversas nesses fortes não eram muitas e eram sempre dominadas pelo medo de serem sobrecarregados pela força invasora. Mas alguns tinham um espírito indomável, e encaravam aquilo com simplicidade: alguém tem de limpar estas bestas; e eram eles os encarregados. Falo dos rebeldes portugueses, responsáveis pela manutenção do perímetro de segurança em Vila-Real. As montanhas do Alvão contavam tantas balas cravadas como corpos.

Estamos no ano de 4125 D.C. e as forças portuguesas localizadas neste sector não são mais que uns milhares, dispersos por todo o País, que já não tinha mais do que um quarto da área do País que se conhecia no segundo milénio. O Norte ainda aguentava; pessoas duras e flexivéis, adaptáveis e máquinas de luta formidáveis, de espírito indomável.

- Vicente, mais munições! Acabou de cair uma colmeia poucos quilómetros a norte da nossa posição. Os postos avançados falam de centenas de Brutos, e milhares de Cães. Vamos precisar de tudo o que temos.

- Ricardo, estás muito preocupado, deixa-os vir. Vicente, trás lá as munições e anda assistir ao festival de tiro ao peru. – Tomás riu-se compulsivamente; risos que somente aqueles que estiveram  perto da loucura e desolação conseguem ter numa situação daquelas.

-Sim, o mais rápido que puder – Vicente obedeceu, como de costume, às ordens. Era um jovem muito eficiente e dotado de um inteligência fora do comum, razão pela qual o preferiam fora da linha directa de batalha, e o deixavam a tratar das munições, alimentação e reparação das armas. - Senhor Capitão, eu não o queria desrespeitar com esta afirmação, mas já somos apenas vinte neste posto. Não deveriamos pedir reforços?

-Reforços? Ah! A quem? Aos Espanhóis? Pouco mais são do que nós e já não recebem reforços há algumas semanas. Temos de lutar com o que temos. Se não formos o suficiente, vou tomar as devidas precauções para que eles e vocês ardam no Inferno. Por isso, cala-te e vai lá fazer o que tens a fazer.- Ordenou.

As horas passaram e a escuridão começou a aprofundar-se. Subitamente, a terra começou a tremer. A força invasora havia chegado próximo do forte.

- Soem o alarme geral, liguem os sistemas de defesa automática; mexam-se, mexam-se. Ponham-se na linha frontal do forte. – O Capitão tinha voz autoritária, postura dura e isso ajudava a manter a moral, mas mesmo assim o cheiro a medo alastrava-se pelos combatentes.
Na secção de mecânica, Vicente falava com Ricardo, que o tinha vindo ajudar nas munições. Não gostava que berrassem com o rapaz, e dispunha-se a ajudá-lo e a acalmá-lo com algumas conversas; se bem que nunca tinha tido grande jeito para tal.

- Começou a luta, já há uns bons quarenta minutos que estamos nisto. Já passaram a primeira linha e estão a cada vez mais próximos. Tenho medo que os sistemas automáticos falhem, e tudo o que separe os monstros de nós seja a morte. – Era um receio fundamentado de Vicente; já antes tinha falhado e custara a vida de trinta homens do forte. Agora eram só vinte, por isso já dava para entender para onde caminhava a luta se algo falhasse.

- Há piores formas de morrer. Conquistei a minha liberdade alistando-me para isto, e sou capaz de tudo para a manter, e não vão ser estes bichos que me vão separar dela. – Ricardo era o eterno optimista.

Foram interrompidos por uma mensagem do nível superior, que se difundiu pelo Forte.

-Escavadores! Escavadores! Passaram as quatro linhas defensivas, foram por debaixo da terra e estão à nossa porta! Para os vossos postos de combate, Já! – A hoste inimiga tornava-se cada vez mais inteligente, e começavam a ter conhecimento das estratégias de defesa usadas pela população terráquea, apesar de terem que sacrificar inúmeros da sua espécie para isso. Mas os números não eram problema para eles. – Destruíram o sistema de comunicação, e estão a toda à volta.- Continuava o homem incógnito pelo sistema de aviso.

- Vicente, já aprendeste connosco mais do que qualquer Citadino. Sabes como combater estes bichos. Vai para o túnel de fuga e dirige-te o mais depressa possível para o Porto. Pede novos reforços; enquanto isso, nós vamos morrer aqui para te dar tempo. Talvez os levemos todos connosco, mas terá que vir uma equipa buscar os nossos corpos e retomar este Forte. É crucial que sejamos todos queimados, não quero fazer parte daquela hoste nojenta. Dá os meus cumprimentos à Ana! - A luz tornou-se intermenitente e começaram a surgir falhas na estrutura; eles estavam a penetrar nas defesas. - Chegará o dia em que destruiremos a sua Rainha, mas , para já, quero que chegue o amanhã para ti; vai e sê forte.

-Sim!"

3 comentários:

  1. Fortemente baseado no SC2, mas gostei.

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  2. Eu que não sou nenhuma perita em escrita nem jogo esses jogos q vocês jogam tenho a dizer que gostei. Está bem escrito, ainda que ache que tem demasiada descrição "romântica" das coisas q de românticas não têm nada :) Mas a ideia também deve ser essa, daí ser escrita criativa, certo?

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  3. Ora bem, gosto de misturar algumas emoções com o poder megalómano e caos xP Não deixam de ser pessoas que estão naquela situação, e as pessoas são sempre emocionais! Daí toda a descrição romântica. Talvez deva ser mais bruto na descrição, mas acho que está um equilíbrio adequado. Tenho que reflectir sobre isso! Obrigado pela opinião!

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