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Escrita Criativa / Educação

O Poder da Linguagem

“- A Linguagem é o motor do mundo, move sociedades, junta e faz juntar pessoas na conquista de objectivos...- A aula do Professor estava a demorar mais do que o costume, estava novamente a pregar sobre a importância da Linguagem. O homem não desiste.

-Professor, posso interromper? – O Professor ficou admirado, não era costume ninguém o interromper. Mas também não estaria à espera que nenhum dos alunos subitamente admirasse a sua genialidade, enjaulada numa sala de aula; seria provavelmente mais uma provocação. - Posso-lhe perguntar porque raio se dá ao trabalho de no fim de todas as aulas pregar sobre a Linguagem?- Uma pergunta que ninguém ainda tinha colocado, apesar de já estarem com ele há mais de 3 anos.

-Podes. E ainda bem que o fazes. Primeiramente, porque a vossa escrita é péssima, a vossa organização mental é terrível, as questões que fazem são do piorio e também o são as vossas respostas. E isto para não falar da Matemática, que não deixa de ser outra linguagem. De alguma forma não consigo aceitar isso e por isso insisto no discurso. Já agora, vem cá, se faz favor.

Confrontado com tal proposta, o aluno desconfiou; afinal de contas, o professor já nem se importava em chamar alunos ao quadro  hà vários anos. Levantou-se e foi ter com o professor; fez várias graçolas pelo caminho, conquistou o coração das donzelas e fez a rapaziada rir.

O professor prosseguiu.

- Chamei-te cá porque fiquei admirado. Tens espírito crítico, fizeste uma pergunta que faz todo o sentido, e espero com isto responder da melhor forma.

Com isto o quê? Não estava a gostar; a sala calou-se de súbito  e toda a gente ficou apreensiva, com algumas risadas rasgadas pelo fundo.

- Tapa os olhos. Fecha a boca. Põe a mãos nos bolsos.- Fez tudo o que o professor mandou, mas não estava à espera do que veio a seguir.

- Vou-te vendar os olhos, vou-te por uma fita na boca, e vou-te atar as mãos.- O objectivo do professor pareceu estranho, toda a gente se ria, mas não era cobarde para voltar atrás. - Agora, todos nós vamos embora  e tu ficas aqui, está bem? Se tiveres algo a dizer em contrário, avisa.

Moveu-se, grunhiu, tentou libertar os braços; obviamente que não queria ficar na sala, queria ir embora, para o intervalo, tomar um café, continuar com o seu dia-a-dia; mas não conseguia dizer o que queria.

-Olhem bem para ele, é o que vós sois: incapazes de comunicar, de transmitir o que querem, o que pensam, as vossas vontades, não se podem opor às decisões do outros porque não conseguem. As vossas mãos permitem-vos escrever, e se as deixarem escrever o que acham que vão dizer? Não mais do que ele atado. A vossa boca permite-vos falar, mas lá no fundo vocês estão atados, amordaçados e vendados. Qual é o meio para comunicarem?  A Linguagem. É ela que vos permite adaptar, sobreviver em comunidade, serem felizes. Aprendam a falar, escrever, pensar, calcular, a serem lógicos, a saberem tomar decisões. Façam isto por vós. Qual de vocês nunca ficou calado porque não sabia e não conseguia encontrar a resposta? Ou porque não conseguia responder quando sabia?

Um dos alunos replicou.

- É ele o amordaçado , eu estou aqui perfeitamente à vontade. Ao que parece não preciso. – O jovem aluno riu-se irritantemente.

- Não espero atingir toda a gente com esta mensagem, por razões óbvias. Mas espero que alerte os mais sensíveis a ponto de mudarem as suas vidas. João, desculpa.- Começou a tirar a mordaça, a venda e a amarra.- Aos restantes, bom resto de dia, tirai-o para pensarem. – Enquanto desembaraçava o João, alguns alunos passaram e gozaram com o pobre rapaz; ele corou. Sentindo-se envergonhado, pensou tudo de mal enquanto o professor o tornava capaz de ver, falar e escrever; sentia-se capaz de lhe dizer das boas. No fim, o  professor disse – Então, João, como é poderes comunicar? É bom, não é?

João fitou o professor, engoliu toda a raiva e respondeu - Obr.. Obrigado, Professor. “ 

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