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Escrita Criativa / Viagem





"A estação afastava-se, enquanto que o burburido de velhos, crianças e miúdos alegrava a viagem até Caminha. No entanto, a alegria escondia a passividade de alguns: a menina de cabelos encaracolados, olhos inchados e vidrados, sonolentos e inconscientes do seu futuro; e a mãe, que tão bem reflecte a passagem de testemunho à sua filha.

Quatro velhos cuscavam sobre a vida da cunhada do filho de um deles; qual? Não sei.

Ao que parecia, o destino era Viana para uns, Caminha para mim, e Paredes de Coura para os mais ousados.

A paisagem perdia-se à velocidade do comboio, um vai e vem constante de terras muitas vezes vistas, mas pouco conhecidas. Deve ser triste, ser sempre o meio de passagem para outros destinos, eternamente à sombra das terras desejadas. 


Acho que uma vida de viagens fornece mais motivo de escrita. Costumava passar horas a pensar sobre o que escrever, sempre relutante em começar, mas aqui tudo parece mais acessível. As pessoas vivem, e é aí que eu encontro um alvo para a minha atenção. Mas não vou passar sempre a falar da vida dos outros pelos meus olhos. Descrição e caracterização atraem, enquanto não se ficar saturado de não vivermos a nossa vida. Acho que o mais correcto seria descrever pelos olhos de cada um deles; falar por eles. Assim escrito, parece mais um diário do que uma jornada. Acho minimalista, mas diverte-me o pensamento de estar na pele de alguém que tem tanto para contar que apenas conta o que vê, e não o que pensa.

Pinhais, vinhas, largos campos logo vigiados por montanhas. A maioria da produção nestes campos é pequena, e apenas deve ser para consumo próprio.

Bem, acabou-se a beleza da viagem; raio dos velhos sentam-se sempre à minha beira, e logo um com o distinto cheiro a vinho e mijo. Vou tentar abstrair-me da melhor maneira possível e escrever, mas não posso caracterizar, ou tudo paraceria tingido pelo meu mau humor; talvez até os meus pensamentos o sejam.

No início deste pequeno relato da viagem, preocupava-me o tom, pessoa e forma do texto que redigia, mas parece que algumas coisas se tornam mais fáceis  depois de começar. Aos poucos, ia relendo o que escrevia e denotava uma mudança, uma tendência para uma forma que me agradava.

Cantorias, ainda não eram as de Viana, mas as de um bebé com o mais estridente dos choros. A mãe bem que o tenta acalmar, mas ele continua irredutível, e a mãe também; uma boa luta.

A paisagem do Minho era realmente maravilhosa. Enquanto viajavamos pelos vales, podiamos ver o crescer das montanhas, as encostas cheias de árvores, os inúmeros detalhes, o jogo das mais variadas cores, formas e texturas, a maioria das quais nem sabia identificar a árvore correspondente. Densos pinhais, rasgados e rodeados por campos de milhos já bem crescidos,  sob um pano de fundo verde e elevado, com o horizonte tapado pelos montes. Tons de verde, amarelos, castanhos; e cores de homens, com casas distribuídas aleatoriamente, mas cuja harmonia parecia revelar um plano comum, cujo fim é o da integração da construção com o ambiente. Claro que é apenas uma sensação; na realidade, foram dispostos aleatoriamente, mas de alguma forma parecia fazer sentido. A beleza não está nas construções, mas na preservação do envolvente. Esta obsessão crónica humana pela organização...

De todos os que falavam na carruagem, parecia-me que o mais inteligente era o velho que ressonava. Ninguém o parecia perceber, mas tal convicção não passava despercebida.

Lugares para escrever uma história... Já me coloquei a possibilidade de inventar todo um mundo, mas o Minho realmente parecia-me algo de belo. É uma zona com centenas de anos de história portucalense, e muitos mais anos lusitanos.Talvez faça uma história sobre os jogos de poder das famílias desta terra.

Cheguei a Caminha às 14h30m, com o meu amor à espera, em casa. Assim que entrei pela porta, os nossos olhares cruzaram-se. Ela tinha esperado por mim no sofá, enquanto via televisão ou séries; alguma coisa  que ela gostasse de fazer. Foi um olhar de quem já estava habituado, mas sempre sofregando pelo momento de por os olhos novamente no par que ama. Assim que se fechou a porta para o resto do mundo, demos asas ao desejo: um terno beijo, como que a apalpar o terreno da excitação; um sorriso cúmplice, com um suave toque de testas, tal e qual uma tomada com a sua ficha; foi seguido de um piropo e uma apalpadela: o cu dela era algo de excepcional, rapidamente tomando rédea dos meus desejos carnais. Ela conteve-se ligeiramente, contra a natural efusão hormonal, mas lá cedeu quando viu que lhe dava mais gozo, libertando tudo intensamente. Foi o prato do dia!"

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