Feedback

Gostou do que leu? Encontrou algum erro ao longo do texto? Seja participativo(a): Classifique, comente, corrija, dê opiniões e troque informação com o autor dos textos! Ganha o leitor e ganha o escritor.

Gostaria de contribuir com histórias para o blog? Vá à secção " Novos Escritores" e informe-se das condições. Dê asas à sua imaginação.

Escrita Criativa / Noites



Sono

Escrever diariamente uma história está a tornar-se um problema. Não devido ao tempo, cada história neste blog demorou cerca de 30 minutos a ser escrita,  mas devido ao conteúdo em si. Estou neste momento a considerar a forte possibilidade de continuar a saga de Vicente com novos episódios, mas não quero saturar com muito do mesmo. Talvez opte por escrever sobre algumas particularidades do dia-a-dia, tal como fiz em Férias, Distracções e Investigação. Desta forma, deixo-vos hoje uma história do quotidiano.


“-Estás a ressonar, vira-te de lado... – As palavras saiam arrastadas da boca de Elisa, lenta e vagarosamente, mas Nuno não pareceu responder. Mais fortes do que as palavras, os encontrões acordaram-no com certeza.

-Porra! Deixa-me dormir, sempre a acordar... Acordas-me quando vais ao quarto de banho, quando vais beber água e agora por coisas que... - Sem acabar de balbuciar, adormeceu novamente, mas virado de lado. A luta estava ganha.

No entanto, a guerra continuava com sapatadas dos súbitos lançamento de braços e  puxões de lençóis. Costumava haver umas horas em que ambos pareciam desistir da luta e entregavam-se ao sono profundo, mas bastava um qualquer evento e tudo recomeçava.

- Fodasse.

-Não digas palavrões. – O limbo entre a consciência e a inconsciência tirava da boca de Nuno palavras porcas, coisas que Elisa não achava digno de um homem e, em particular, do seu Homem.

-É pá, vou comprar uma cama de 2 metros de comprimento por três de largura.

-Vai lá, ou então vai para a outra cama, deixa-me aqui sozinha. 

-Não comeces com as tuas parvoíces sentimentais, sabes perfeitamente que fico completamente de rastos quando temos noites destas. – Era verdade. Era raro terem noites assim, eram um casal habituado a dormir junto, mas havia noites que simplesmente algo estava a mais na cama.

Não gostavam destas disputas, preferiam resolver o assunto de uma forma quase delicada; para acabarem com a zanga, davam um beijinho e voltavam a dormir; um beijo com os lábios duros e zangados, rápido e pronto a esquecer. Adormeciam com uma expressão sizuda, mas rapidamente relaxavam e voltavam à cara de rotina;  relaxada, até relaxada de mais, com destaque dado a Nuno, que babava a almofada.

Nestas noites, despertavam terrivelmente saturados, prestes a telefonar para o emprego e a falar educadamente com o patrão: Não estou na disposição de ir trabalhar! Porquê? Ora, porque a disposição não está para tal! Enquanto se preparavam para o dia de trabalho, tentavam esconder o rancor de uma noite mal dormida com uma carícia e uma apalpadela, para não ser um soco e uma cabeçada!

Despenteados e com olheiras profundas, tomavam um banho na expectativa de despertar o corpo; comiam o pequeno almoço e só depois reparavam que tinham deixado cair um qualquer pedaço da comida no seu pólo ou camisa prfeitamente engomados. O acesso de raiva durava um microsegundo, seguido de um estado de quase loucura, que segundos depois desvanecia e dava lugar à acomodação a mais um dia de merda.

No fim, antes de fecharem a porta de casa, olhavam um para o outro e diziam em uníssono – Amo-te – Depois, deixavam um traço de um sorriso que sabiam ser cúmplice de todo o mal passado na noite, do péssimo despertar, mas que de alguma forma já não importava. “

1 comentário:

Pesquise neste blogue